“A casa é o nosso canto do mundo. É o nosso primeiro universo.” — Gaston Bachelard, em “A Poética do Espaço”
Imagine um quarto. À primeira vista, ele é apenas um dormitório. Mas, para aquela família, é o lugar onde a criança aprendeu a ler, onde dormiu com medo em noites de trovão, onde criou um mundo com lençóis e travesseiros. Um espaço nunca é apenas um espaço. Ele é cenário de histórias, guardião de vínculos, espelho de quem somos.
Essa é a essência da arquitetura afetiva: uma forma de projetar que escuta o invisível, que sente antes de medir, que constrói com a intenção de pertencer e não apenas de impressionar.
O QUE É ARQUITETURA AFETIVA?

A arquitetura afetiva é uma abordagem que compreende o espaço como território de memória, identidade e emoção. Ela nasce do encontro entre a técnica e a sensibilidade, entre a função e o significado, entre o concreto e o simbólico.
Mais do que resolver fluxos ou escolher acabamentos, ela busca responder a perguntas profundas:
O que faz você se sentir em casa?
Que cheiros, sons e imagens te acolhem?
Que lembranças o seu corpo carrega quando entra em um ambiente?
Inspirada por pensadores como Bachelard, Pallasmaa, Norberg-Schulz e também embasada por estudos em neuroarquitetura e psicologia ambiental, essa vertente entende que habitar é mais do que ocupar um lugar é se reconhecer nele.
O ESPAÇO COMO EXTENSÃO DA ALMA

A casa não é apenas um abrigo físico. É um refúgio simbólico, uma extensão daquilo que sentimos e vivemos.
Segundo o arquiteto e fenomenólogo Christian Norberg-Schulz, o espaço ganha significado quando se conecta com a experiência humana. Ele cunhou o termo Genius Loci o “espírito do lugar” para falar sobre a alma única que cada ambiente pode carregar.
Gaston Bachelard, por sua vez, nos lembra em A Poética do Espaço que “a casa sonhada” é aquela que protege as nossas memórias. O sótão, o porão, a escada, a cozinha… todos esses espaços despertam imagens interiores profundas. Eles não servem apenas a uma função: eles constroem quem somos.
O CORPO SENTE: UMA ABORDAGEM SENSORIAL E NEUROLÓGICA

A arquitetura não fala apenas com os olhos. Como destaca Juhani Pallasmaa em Os Olhos da Pele, ela se comunica com todo o corpo com a pele, os pés, o olfato, o silêncio e o som.
Esse entendimento ganha base científica com os estudos da neuroarquitetura, que revelam como ambientes bem projetados afetam nosso sistema nervoso. A luz natural, por exemplo, regula o ritmo circadiano. O uso de materiais naturais reduz a produção de cortisol. O layout de uma casa pode influenciar nosso humor, concentração e até vínculos familiares.
Ambientes sensoriais ricos e coerentes nos regulam emocionalmente, estimulam memórias positivas e favorecem estados de presença.
ESPAÇOS QUE CONTAM HISTÓRIAS

Uma casa pode ser apenas bonita. Mas uma casa com afeto é inesquecível.
Ela carrega detalhes que fazem sentido: Um banco onde a avó costumava costurar, um jardim com a flor que crescia na infância; um piso que remete à casa antiga dos pais, um cheiro de madeira que lembra um retiro espiritual. A arquitetura afetiva não copia tendências ela escuta histórias. E traduz isso em cores, formas, luzes, texturas e atmosferas.
NO STUDIO CALYN, PROJETAR É ESCUTAR
Acreditamos que arquitetura é um ato de cuidado. Por isso, começamos cada projeto com escuta profunda e olhar sensível.
Queremos entender: O que te marcou na infância? Que elementos te fazem sentir paz? Como é sua rotina, seus desejos, seus silêncios?
A partir disso, criamos ambientes onde função, estética, sensorialidade e sustentabilidade se entrelaçam com a sua história de vida.
Somos um coletivo que vê a arquitetura como um meio de conexão não apenas entre materiais, mas entre pessoas e sentidos.
MAIS DO QUE MORAR, PERTENCER

A arquitetura afetiva é um convite: a habitar o espaço como quem habita a si mesmo. É permitir que sua casa conte sua história, cuide da sua rotina e celebre sua essência.
Se você deseja um projeto que escute quem você é, que valorize suas memórias e transforme o seu cotidiano em uma experiência viva e autêntica o Studio Calyn está aqui para criar isso com você.
REFERÊNCIAS
BACHELARD, Gaston. A Poética do Espaço. São Paulo: Martins Fontes, 2008.
PALLASMAA, Juhani. Os Olhos da Pele: a arquitetura e os sentidos. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2012.
NORBERG-SCHULZ, Christian. Genius Loci: Towards a Phenomenology of Architecture. New York: Rizzoli, 1980.
HALL, Edward T. The Hidden Dimension. New York: Doubleday, 1966.
KAPLAN, Rachel & KAPLAN, Stephen. The Experience of Nature: A Psychological Perspective. Cambridge: Cambridge University Press, 1989.
GOLDHAGEN, Sarah W. Welcome to Your World: How the Built Environment Shapes Our Lives. Harper, 2017.
NEUROARCHITECTURE INSTITUTE. Pesquisas sobre a relação entre ambiente construído e sistema nervoso.